segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Minimamente Feliz!

Ótimo texto para início de ano, semana, mês e mudança de atitudes!

A Felicidade é a soma das pequenas felicidades. Li essa frase num outdoor em Paris e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar.
Eu já suspeitava que felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida. Afinal desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo. Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas. Um por do sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café  recém coado, um livro que a gente não consegue fechar, um homem que nos faz sonhar, uma amiga que nos faz rir. São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem, alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
Eu contabilizo tudo de bom que me aparece, sou adepta da felicidade homeopática. Se o ziper daquele vestido que eu adoro voltar a fechar (ufa!) ou se  pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo. Alguns crescem esperando a felicidade com letras maiúsculas e na primeira pessoa do plural:”Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando para lugares mágicos”. Agora, se descobre que dá para ser feliz no singular:  Quando estou na estrada  dirigindo e ouvindo as músicas que  eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto, sinto um bem estar indescritível.
Uma empresária que conheci recentemente me contou que estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado ele perguntou com quem ela estava  conversando: Comigo mesma, respondeu. Adoro conversar com pessoas inteligentes. Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas:
1- Que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e
2- Que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos. E faz parte da minha “dieta de felicidade” o uso moderadíssimo da palavra “quando”. Aquela história de “quando eu ganhar na Mega Sena”, “quando eu me casar”, “quando eu tiver filhos”, “quando meus filhos crescerem”, “quando tiver um emprego fabuloso” ou “quando encontrar um homem que me mereça”, tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje. Esperar o príncipe encantado, por exemplo, tem coisa mais sem sentido? Mesmo porque quase sempre os súditos são mais interessantes do que os príncipes; ou você acha que a  Camilla Parker- Bowles está mais bem servida do que a Victoria Beckham?
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento, amigos. E quem for ruim de contas recorra a calculadora para ir somando as pequenas felicidades. Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para nossos tempos. Que digam! Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.

Por LEILA FERREIRA - JORNALISTA

Boa semana para vocês!
Renata


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Puxamos A Quem ?

“As duas mulheres com quem cruzei em minha caminhada falavam sobre a filha de uma delas: “Não sei a quem essa menina puxou”, disse uma, acrescentando: “Ninguém na família é assim, nem do meu lado e nem do pai dela.”
E por que teremos sempre que puxar a alguém? Quase me atrevi a lhe perguntar. Deixa pra lá! Com certeza, ali estava uma mãe angustiada por não conseguir passar à filha os valores por ela cultivados.
Mas no fundo, a maioria das pessoas crê mesmo é que o bem e o mal, o comportamento correto ou errado são coisas que se transmitem pelo sangue: “Ele tem sangue ruim”, às vezes se ouve, atribuindo-se a maldade de certas pessoas à herança de seus antepassados. Não é assim.
À sua volta, devem existir exemplos: pais corretíssimos, honestos, com filhos destrambelhados. Muitas vezes, se dá o contrário: pais irresponsáveis geram filhos que são modelos de dignidade e honradez.
O Espiritismo defende que nossas qualidades e defeitos são atributos da nossa alma. Afinal, não somos seres espirituais? E, se somos, qual a verdadeira identidade do espírito? Não está nele a própria consciência? Ou a consciência será mero produto cerebral, quem sabe um componente sanguíneo que nem os laboratórios detectam? Está aí a tese materialista. Incompatível com angustiantes realidades da vida, Como a daquela mulher que quer saber a quem a filha “puxou”. Puxou a ela própria, minha senhora. Somos herdeiros de nós mesmos. Ajude-a pelo exemplo. Um dia, ela vai assimilar.
A caminhada do espírito é longa e lenta.”

Milton Medran Moreira

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O Caminho de Volta

Esse texto, para mim, é muito real e verdadeiro.

"Até os 35, 40 anos, a existência é totalmente voltada para fora: trabalhar, procriar, produzir.

Na segunda metade da vida, começa a jornada para o mundo interno e para a busca de uma espiritualidade mais intensa. De repente, o coração pede uma maior profundidade. Surge o desejo de procurar um outro sentido para a vida, e uma conexão com algo maior.

Seguindo este forte impulso, nos tornamos buscadores espirituais. Ao trilharmos esses novos caminhos, surgirão riscos e perigos, mas também infinitos presentes e alegrias. No começo, pode ser algo difuso, um sentimento de que alguma coisa não vai bem. A vida pode estar até boa, mas parece sem sentido. O coração clama por mais alívio, paz, alegria, não mais com base no que nos oferece o mundo material, mas a partir de algo mais interno e profundo.

Assim, inicia-se uma jornada que pode levar anos até a chegada a um porto seguro. E assim começamos a nos conhecer melhor, a escutar nosso coração e a nos desapegar das coisas desnecessárias.

É o caminho de volta para casa.

Muitas vezes silencioso, reflexivo, mas na maioria do tempo questionador daquilo que vale a pena. Neste ponto já entendemos que independente da escolha, sempre ganhamos e sempre perdemos. É a lei da polaridade, do yin e do yang, do alto e do baixo, da luz e da escuridão.Para termos equilíbrio precisamos conviver com a nossa sombra. E também já sabemos, que para evoluir, precisamos nos relacionar cada vez mais uns com os outros.

Por tudo isso, é preciso clareza em cima do que se está buscando. Em outras palavras, se é problema financeiro, talvez seja melhor se empenhar mais no trabalho ou trocar de atividade profissional se não estiver satisfeito com seus rendimentos. Se o caso for uma desilusão amorosa, uma terapia pode ser mais indicada.

Mas se a busca for pela espiritualidade, se aquiete, confie e agradeça!

(desconheço o autor)
Com carinho,
Renata

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Primavera da Alma

Texto envolvente...

"Nem sei o nome dele. Na caminhada que faço, diariamente, troquei algumas palavras com aquele senhor que se mudou para uma antiga casa da minha rua. Ele mexia na terra, começando a ajardinar a frente da residência. Ali, antes, havia nada mais que um gramado malcuidado.

Estava começando a limpar a grama e fazer pequenos canteiros. Cumprimentei-o e lhe perguntei se era vizinho novo.

“Vim mês passado para cá” – disse-me, acrescentando que vivia numa cidade do oeste catarinense.

Tinha decidido vir para a cidade grande por insistência do filho, que mora aqui. Assim, estaria também perto dos netos.

O sotaque italianado denunciava sua origem rural. O empenho em deixar bonita aquela tirinha de terreno confirmava o gosto pelo trato da terra.

Fazia aquilo com carinho, como a matar a saudade do tempo e do lugar que ficaram para trás.

Passo diariamente por ali e acompanho a incrível transformação daqueles quadrados. Cada dia, uma novidade. Correntes decorativas demarcando os canteiros, pedras e pequenos troncos de árvore dando um ar agreste ao jardim e, de repente, rosas, muitas rosas, de diferentes cores, espalhando um leve perfume que alcança o passeio.

Minha rua ficou mais linda desde que esse senhor veio nela morar. Não sei se é por causa da primavera que com ele chegou, ou se foi ele que trouxe a primavera à minha rua para a aqui ficar o ano todo.

Mas a mensagem que meu novo vizinho me transmite é clara: qualquer tempo é tempo para mudar, e a primavera não é uma estação que vem e passa. Ela é eterna na alma de algumas pessoas."

Milton Medran Moreira, diretor do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre

A Caça E O Caçador

Sabe quando a gente fala com um homem e ele não ouve, ou não entede, ou parece estar nem aí??? Existe uma explicação histórica!!! Pasmen, mas o escritor Marcelo Benvenutti me ajudou a entender esse mecanismo!!! Já disse pro Toni que prometo tentar ter mais paciência nesses momentos!!!

Compartilho o texto com vocês, porque além de rir, de me encontrar no texto, gostei bastante também!

A Caça e o Caçador
 
Nós, homens, somos surdos. Entendo as mulheres quando reclamam que não as escutamos. Quer dizer, quando eu escuto a reclamação. Muitas vezes não escuto.

O homem, entretido pela partida de futebol na televisão, pela leitura do jornal, pelo computador ou por uma conversa paralela, fixa o olhar no horizonte e não escuta.

Dizem que vem desde a pré-história. A sociedade era matriarcal, dizem. Dizem muita coisa, mas o certo era que o homem, naturalmente mais musculoso, era quem saía para caçar. As mulheres cuidavam da aldeia.

A caça é uma atividade que pode parecer ativa, rápida e veloz. Mas é um jogo estratégico. O homem atrás de arbustos, muitos homens, esperando o momento exato para atacar a presa, um búfalo, seja lá que bicho fosse.

O homem tinha que manter silêncio, o olhar fixo no animal. Falava de lado.

Os homens falam de lado. Prestem atenção, mulheres. Então a mulher, indignada, vendo que seu olhar de caçador está fixo em uma presa qualquer, a bola do jogo, as frases soltas no jornal, aquela morena que passou ali do outro lado da rua, a mulher grita: “Olha pra mim quando eu falo!”

E os homens olham, depois de um tempo, mas olham. Perguntam o que elas querem. Elas se irritam ainda mais e não repetem. Não se irritem. Não é por mal. É instinto.

Mas, e pior que é assim mesmo, quando um homem se esforça e deixa a natureza de lado e presta atenção no que a mulher fala no exato instante em que ela fala, ela repete e insiste: “Entendeu?”

Então o homem, caçador, ou se dá conta de que ele é a presa ou será abatido. A mulher não vai se contentar só em falar. Ela vai exigir, e cobrar, mesmo que décadas depois, aquilo que falou ou pediu.

Cada vez mais os homens se tornam presas ao se desprenderem de seus instintos.

Homens: deixem o instinto de caçador ligado. Não se iludam. Ouvindo ou não, a culpa é sempre nossa. Melhor continuar sendo surdo.

Marcelo Benvenutti, escritor

Partida e Chegada

Henry Sobel, por ocasião da morte de Mário Covas contou a seguinte parábola:

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro"!
 
Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: "já se foi", no além, outro alguém dirá: "já está chegando". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.

Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Assim, um dia, todos nós partimos como seres imortais que somos todos nós ao encontro daquele que nos criou.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Torcer ou não o pepino?

Texto de Gerso Colombo, escritor

“É de pequeno que se torce o pepino”. Meus pais acreditavam nesse ditado e não davam folga. Na nossa casa havia limites para muitas coisas e esses limites acabavam se transferindo para a rua e para a nossa relação com as pessoas, principalmente para os mais velhos, para professores, para autoridades, enfim, para quem não fosse moleque como nós. Havia outros ditos que eles também preconizavam, como: “Quem diz a verdade não merece castigo” ou “Se não for seu, não mexa, não pegue”. Meus irmãos e eu aprendemos. Acho que funcionou, ao menos, que eu saiba, nenhum de nós restou traumatizado. Victor Hugo diz, em Os Miseráveis: “O crime do homem nasce na ociosidade da criança”. É duro, mas é real. Na atualidade, os problemas sociais em que jovens estejam envolvidos, grande parte tem origem na falta de controle por parte dos pais ainda na fase infantil. Limites flexíveis ou não impostos por pais e mães agravam a instabilidade, por si só já difícil, da adolescência.

A Constituição de 1988 tende a ser liberal por força do período de exceção que a antecedeu, isso se compreende. E compreende-se, também, que essa liberalidade acabe transferindo-se para as relações sociais, a família aí incluída. Mas, a euforia já passou minha gente. Nenhuma liberdade pode ser desmedida sob pena de contaminar a sociedade com um “tudo pode” que é mais pernicioso que a falta de liberdade, pois acaba em libertinagem. Aristóteles acreditava que Democracia em excesso tende a Anarquia. Tomara que não! Muitas famílias, empenhadas na sagrada luta pelo “pão de casa dia”, transferem para a escola uma obrigação que é sua: educar sua prole. Com isso, querem criar uma nova alternativa pedagógica: a terceirização da educação familiar. Ora, escola não é creche para adolescentes. Professores não têm liberdade de impor limites a filhos que não são seus. E há liberdades que não podem ser toleradas. Crianças precisam, sim, de liberdade a fim de que descubram por si o mundo, mas há de ser liberdade vigiada. Um olho no gato, e outro olho no peixe. Crianças abandonadas a si mesmas, ou sem limites, engolem moedas, tomam veneno, tocam fogo na casa... E, quando crescem, não respeitam nada; quando não se atiram no mundo do crime e das drogas. Pais ausentes deixam vaga para os concorrentes. Depois, só resta chorar e dizer que seu filho era bom menino, mas envolveu-se com más companhias. Por isso, é sempre preferível dizer um “não” doloroso na infância que chorar a dura realidade de uma adolescência sem freios e socialmente deformada.