sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Responsa Antes do Amasso

Este texto foi publicado no Diário Gaúcho (RS), achei ótimo, o jornalista que escreveu foi, a meu ver,muito feliz em seus comentários. Por isso mesmo, estou dividindo com vocês!!
Beijos e umótimo final de semana!!
Renata


Responsa antes do amasso

Volta e meia, na minha comunidade, há uma menina que, num acesso de ira, grita para a mãe: “Você não manda em mim, me deixa que eu amo ele”. Briga por causa de namorado.São meninas de 15 anos ou menos que enfrentam a família para ficar se apertando em muros e becos com uns malucos quem nem pêlo no corpo têm. Os caras só querem amassar a carne e, depois, já era.

Os pais têm de pegar as rédeas mesmo. Romances de juventude podem terminar mal. Um exemplo é a pataquada que aquele maluco fez em São Paulo. Seqüestrou a mina que namorava e amigos dela, fez escândalo nacional e todo mundo ficou num trauma só. Se os pais daquela menina tivessem sido um pouco mais firmes, o cara não se sentiria à vontade para entrar armado na casa da ex-namorada e fazer todo mundo refém.Esse negócio começa com meninas a partir de 13 anos usando roupas provocativas. Isso é imã de atrair vagabundo – se os pais não conseguem fazer a garota respeitar seu próprio corpo, não vão cobrar que o namorado respeite.

E há a onda de pais modernos, que deixam a filha e o filho namorar até altas horas sozinhos, que emprestam o quarto para eles. Não sou conservador, mas tudo tem limite. Só tem direito de dormir agarradinho quem paga suas próprias contas. Se depende dos pais para comer, segure seus impulsos sexuais.

Os pais precisam ficar atentos aos pretendentes dos filhos. Falar alto, atirar objetos, dizer palavrões, ouvir músicas e ver filmes com cenas de violência e sexo sem levar em conta o ambiente familiar são indícios de que ajustes devem ser feitos. No começo, todo mundo é legal e educado, mas é só abrir os dentes que já se passam. Tem de haver respeito, se não, a casa cai.

Nem todos os casos acabam com um maluco armado fazendo a filha de refém, mas relações mal começadas sempre trazem incomodação. Vamos ficar de olhos abertos nos de casa, pois, quando a natureza chama, ninguém mais é santo.

Manoel Soares

domingo, 12 de outubro de 2008

Quero o direito de não votar

Adorei este artigo publicado na Zero Hora de 12 de outubro de 2008, e decidi compartilhá-lo com vocês! Qual a sua opinião ??
Renata


Quero o direito de não votar, por Mauricio Tonetto *

Dois dias antes do pleito do último domingo, dia 5, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Carlos Ayres Britto, declarou: Eleição não é velório, eleição não é peso, eleição é alegria, é um canto, é uma dança, é uma celebração da democracia, então que encaremos essa eleição assim, descontraidamente. A frase, publicada em um jornal do centro do país, tinha como finalidade estimular o eleitor a votar e a participar do processo democrático. Mas há uma grande diferença entre ter a opção de votar e ser obrigado a votar, descontraidamente. Após analisar as propostas dos candidatos a prefeito e a vereador da minha cidade, concluí que os novos eleitores estão cada vez mais afastados da política porque esta pertence a um pequeno grupo da sociedade, uma espécie de confraria.Coligações esdrúxulas, candidatos caricatos e um grande circo são as definições que me tocam quando as eleições se aproximam. Este é o quarto pleito de que participo e a empolgação decresce na mesma proporção que a ética decresce no Brasil. Não consigo dar o meu voto para o candidato menos pior ou para o que “rouba, mas faz”. Tampouco para o postulante que utiliza o rádio e a televisão para propor idéias totalmente fora da realidade. Menos ainda para o concorrente que se diz de esquerda, e está coligado com a direita. Então, o que me sobra?Ao contrário dos meus pais e dos meus avós, eu nasci em um mundo conectado, onde o acesso à informação é quase infinito com a popularidade da internet. Hoje, com meia dúzia de cliques no mouse, eu sei que o candidato que promete uma revolução social é o mesmo que se envolveu em fraudes, mensalões e outras tantas falcatruas que são geralmente esquecidas pelos brasileiros. A minha geração, pelo dinamismo da tecnologia, tem o dever de não cair no conto da carochinha dos velhos (e novos) políticos, que a cada eleição aparecem com roupagens e jingles diferentes, mas que no fundo pertencem à mesma confraria que sempre comandou o Brasil.Pouco me importam as alianças políticas e os bastidores dos partidos. No final das contas, todos estão buscando o mesmo objetivo, que é chegar ao poder e gozar de uma vida popular. As atitudes da esquerda e da direita são tão semelhantes que eu não sei mais se Lula é socialista ou neoliberal, e se Manuela D’Ávila é comunista ou peemedebista.De que forma, assim, eu devo ir às urnas e participar desta farsa? Meu pai, quem sabe, dirá que eu tenho que agradecer, já que posso escolher e não sou obrigado a aceitar um governante nomeado pela ditadura. Mas o voto obrigatório, de certa forma, é uma medida ditatorial. Se eu não estou contente com o sistema político do meu país e com os atores que tentam me persuadir, por que ainda sou obrigado a votar?O voto, para mim, não é o princípio da democracia, mas a consolidação da mesma. O eleitor deve se encaminhar à urna sabendo que está fazendo algo construtivo, e não sendo pressionado e coagido como ocorre no Brasil, principalmente nas regiões periféricas, onde até mesmo as Forças Armadas atuam para evitar crimes eleitorais.Talvez a confraria esteja com medo de mudar o sistema para o voto facultativo, já que a exigência será maior e, conseqüentemente, a seriedade também. Enquanto isso, eu me preocupo com as coisas que me cercam e tento melhorar o mundo ao meu redor. Estimulo o meu círculo social a construir mudanças e caminho para a participação na sociedade civil. A celebração da democracia, senhor ministro, é a consciência, e não a obrigação.

*Estudante de Jornalismo da PUCRS