segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Primavera da Alma

Texto envolvente...

"Nem sei o nome dele. Na caminhada que faço, diariamente, troquei algumas palavras com aquele senhor que se mudou para uma antiga casa da minha rua. Ele mexia na terra, começando a ajardinar a frente da residência. Ali, antes, havia nada mais que um gramado malcuidado.

Estava começando a limpar a grama e fazer pequenos canteiros. Cumprimentei-o e lhe perguntei se era vizinho novo.

“Vim mês passado para cá” – disse-me, acrescentando que vivia numa cidade do oeste catarinense.

Tinha decidido vir para a cidade grande por insistência do filho, que mora aqui. Assim, estaria também perto dos netos.

O sotaque italianado denunciava sua origem rural. O empenho em deixar bonita aquela tirinha de terreno confirmava o gosto pelo trato da terra.

Fazia aquilo com carinho, como a matar a saudade do tempo e do lugar que ficaram para trás.

Passo diariamente por ali e acompanho a incrível transformação daqueles quadrados. Cada dia, uma novidade. Correntes decorativas demarcando os canteiros, pedras e pequenos troncos de árvore dando um ar agreste ao jardim e, de repente, rosas, muitas rosas, de diferentes cores, espalhando um leve perfume que alcança o passeio.

Minha rua ficou mais linda desde que esse senhor veio nela morar. Não sei se é por causa da primavera que com ele chegou, ou se foi ele que trouxe a primavera à minha rua para a aqui ficar o ano todo.

Mas a mensagem que meu novo vizinho me transmite é clara: qualquer tempo é tempo para mudar, e a primavera não é uma estação que vem e passa. Ela é eterna na alma de algumas pessoas."

Milton Medran Moreira, diretor do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre

A Caça E O Caçador

Sabe quando a gente fala com um homem e ele não ouve, ou não entede, ou parece estar nem aí??? Existe uma explicação histórica!!! Pasmen, mas o escritor Marcelo Benvenutti me ajudou a entender esse mecanismo!!! Já disse pro Toni que prometo tentar ter mais paciência nesses momentos!!!

Compartilho o texto com vocês, porque além de rir, de me encontrar no texto, gostei bastante também!

A Caça e o Caçador
 
Nós, homens, somos surdos. Entendo as mulheres quando reclamam que não as escutamos. Quer dizer, quando eu escuto a reclamação. Muitas vezes não escuto.

O homem, entretido pela partida de futebol na televisão, pela leitura do jornal, pelo computador ou por uma conversa paralela, fixa o olhar no horizonte e não escuta.

Dizem que vem desde a pré-história. A sociedade era matriarcal, dizem. Dizem muita coisa, mas o certo era que o homem, naturalmente mais musculoso, era quem saía para caçar. As mulheres cuidavam da aldeia.

A caça é uma atividade que pode parecer ativa, rápida e veloz. Mas é um jogo estratégico. O homem atrás de arbustos, muitos homens, esperando o momento exato para atacar a presa, um búfalo, seja lá que bicho fosse.

O homem tinha que manter silêncio, o olhar fixo no animal. Falava de lado.

Os homens falam de lado. Prestem atenção, mulheres. Então a mulher, indignada, vendo que seu olhar de caçador está fixo em uma presa qualquer, a bola do jogo, as frases soltas no jornal, aquela morena que passou ali do outro lado da rua, a mulher grita: “Olha pra mim quando eu falo!”

E os homens olham, depois de um tempo, mas olham. Perguntam o que elas querem. Elas se irritam ainda mais e não repetem. Não se irritem. Não é por mal. É instinto.

Mas, e pior que é assim mesmo, quando um homem se esforça e deixa a natureza de lado e presta atenção no que a mulher fala no exato instante em que ela fala, ela repete e insiste: “Entendeu?”

Então o homem, caçador, ou se dá conta de que ele é a presa ou será abatido. A mulher não vai se contentar só em falar. Ela vai exigir, e cobrar, mesmo que décadas depois, aquilo que falou ou pediu.

Cada vez mais os homens se tornam presas ao se desprenderem de seus instintos.

Homens: deixem o instinto de caçador ligado. Não se iludam. Ouvindo ou não, a culpa é sempre nossa. Melhor continuar sendo surdo.

Marcelo Benvenutti, escritor

Partida e Chegada

Henry Sobel, por ocasião da morte de Mário Covas contou a seguinte parábola:

Quando observamos, da praia, um veleiro a afastar-se da costa, navegando mar adentro, impelido pela brisa matinal, estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez menor. Não demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.

Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao porto de destino as cargas recebidas. O veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver. Mas ele continua o mesmo. E talvez, no exato instante em que alguém diz: "já se foi", haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro"!
 
Assim é a morte. Quando o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que separa o visível do invisível dizemos: "já se foi". Terá sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista.

O ser que amamos continua o mesmo, suas conquistas persistem dentro do mistério divino. Nada se perde, a não ser o corpo físico de que não mais necessita. E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: "já se foi", no além, outro alguém dirá: "já está chegando". Chegou ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a vida.

Na vida, cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar desnecessário. A vida é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.

Assim, um dia, todos nós partimos como seres imortais que somos todos nós ao encontro daquele que nos criou.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Torcer ou não o pepino?

Texto de Gerso Colombo, escritor

“É de pequeno que se torce o pepino”. Meus pais acreditavam nesse ditado e não davam folga. Na nossa casa havia limites para muitas coisas e esses limites acabavam se transferindo para a rua e para a nossa relação com as pessoas, principalmente para os mais velhos, para professores, para autoridades, enfim, para quem não fosse moleque como nós. Havia outros ditos que eles também preconizavam, como: “Quem diz a verdade não merece castigo” ou “Se não for seu, não mexa, não pegue”. Meus irmãos e eu aprendemos. Acho que funcionou, ao menos, que eu saiba, nenhum de nós restou traumatizado. Victor Hugo diz, em Os Miseráveis: “O crime do homem nasce na ociosidade da criança”. É duro, mas é real. Na atualidade, os problemas sociais em que jovens estejam envolvidos, grande parte tem origem na falta de controle por parte dos pais ainda na fase infantil. Limites flexíveis ou não impostos por pais e mães agravam a instabilidade, por si só já difícil, da adolescência.

A Constituição de 1988 tende a ser liberal por força do período de exceção que a antecedeu, isso se compreende. E compreende-se, também, que essa liberalidade acabe transferindo-se para as relações sociais, a família aí incluída. Mas, a euforia já passou minha gente. Nenhuma liberdade pode ser desmedida sob pena de contaminar a sociedade com um “tudo pode” que é mais pernicioso que a falta de liberdade, pois acaba em libertinagem. Aristóteles acreditava que Democracia em excesso tende a Anarquia. Tomara que não! Muitas famílias, empenhadas na sagrada luta pelo “pão de casa dia”, transferem para a escola uma obrigação que é sua: educar sua prole. Com isso, querem criar uma nova alternativa pedagógica: a terceirização da educação familiar. Ora, escola não é creche para adolescentes. Professores não têm liberdade de impor limites a filhos que não são seus. E há liberdades que não podem ser toleradas. Crianças precisam, sim, de liberdade a fim de que descubram por si o mundo, mas há de ser liberdade vigiada. Um olho no gato, e outro olho no peixe. Crianças abandonadas a si mesmas, ou sem limites, engolem moedas, tomam veneno, tocam fogo na casa... E, quando crescem, não respeitam nada; quando não se atiram no mundo do crime e das drogas. Pais ausentes deixam vaga para os concorrentes. Depois, só resta chorar e dizer que seu filho era bom menino, mas envolveu-se com más companhias. Por isso, é sempre preferível dizer um “não” doloroso na infância que chorar a dura realidade de uma adolescência sem freios e socialmente deformada.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Albert Einstein e O Espiritismo...

“Os grandes espíritos sempre encontrarão violenta oposição por parte dos medíocres. Estes últimos não podem entender quando um homem não sucumbe impensadamente a prejuízos hereditários senão quando, honestamente e com coragem, usa sua inteligência.”

“Cem vezes, todos os dias, lembro a mim mesmo que minha vida interior e exterior depende dos trabalhos de outros homens, vivos ou mortos, e que devo esforçar-me a fim de devolver na mesma medida que recebi.”

“A ciência sem religião é aleijada, a religião sem ciência é cega.”

-- Albert Einstein --

Criança É Uma Criatura Mágica!

“Entre a inocência da infância e a compostura da maturidade, há uma deliciosa criatura chamada criança. Embora se apresentem em tamanho, pesos e cores sortidos, todas as crianças têm o mesmo credo: aproveitar cada minuto de todas as horas de todos os dias e protestar ruidosamente quando seu último minuto é decretado, e os adultos os empacotam e os colocam na cama.

Crianças são encontradas em toda parte. As mães as adoram, irmãos e irmãs mais velhos as suportam, adultos as ignoram, o céu as protege. Uma criança é a verdade com o rosto sujo, a beleza com um corte no dedo, a sabedoria com um chiclete no cabelo, a esperança do futuro com uma rã no bolso.

Quando você está ocupado, uma criança é uma conversa fiada, intrometida e amolante. Quando você deseja que ela cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ela se transforma numa criatura sádica e selvagem empenhada em destruir o mundo ao seu redor.

Uma criança é um ser híbrido: o apetite de um cavalo, a energia de uma bomba atômica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de um ditador, a imaginação de um Júlio Verne, o retraimento de uma violeta, o entusiasmo de um bombeiro e, quando se mete a fazer alguma coisa, é como se tivesse cinco polegares em cada mão. Gosta de sorvete, canivete, serrote, pedaços de pau, bichos grandes, dos pais, sábados, domingos e feriados e mangueiras d’água. Não é partidária do catecismo, da escola, livros sem figuras, lições de música, colarinhos, barbeiros, agasalhos, adultos e “hora de dormir”. Ninguém se levanta tão cedo, nem chega tão tarde para o jantar.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Uma Fogueira Que Fez História

"Allan Kardec nasceu em 03 de outubro de 1804. Há 207 anos. Ele não foi, como pensam alguns, fundador de uma nova religião. Sistematizou o espiritismo como uma ciência de conseqüências filosóficas e morais. A moral adotada pelo espiritismo inspira-se inteiramente nos ensinamentos de Jesus. Não sendo uma nova igreja cristã, tem, entretanto, o Homem de Nazaré como mestre, modelo e guia para a humanidade.

Por isso, não faz sentido a perseguição que já sofreu e, em certos meios, continua sofrendo a doutrina espírita, de parte das igrejas cristãs. A propósito, no próximo domingo (09 de outubro), se estará recordando um triste episódio que passou à História com o nome de Auto-de-Fé de Barcelona. No ano de 1861, por ordem do bispo daquela cidade espanhola, foram queimados em praça pública, numa cerimônia religiosa, com a participação de um padre e um escrivão, mais de 300 volumes de obras espíritas que uma livraria local mandara buscar de Paris. Naquele tempo, na Espanha, a Igreja tinha autoridade para censurar os livros que considerasse perniciosos. O decreto, então assinado pelo bispo, dizia: “Sendo os livros contrários à fé católica, o governo não pode permitir que eles venham a perverter a moral e a religião”. Allan Kardec, na oportunidade, escreveu: “Podem se queimar livros, mas não se queimam idéias.” De fato, as idéias espíritas, desde então, têm prosperado muito, tanto na Europa como na América, inclusive na Espanha. Quanto mais estudado, melhor o espiritismo é compreendido na sua verdadeira natureza de ciência e filosofia libertadora. O progresso do espírito se dá, segundo propõe, através do conhecimento e do amor.


Não foi isso que ensinou Jesus?"

-- Milton Medran Moreira --