segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A Caça E O Caçador

Sabe quando a gente fala com um homem e ele não ouve, ou não entede, ou parece estar nem aí??? Existe uma explicação histórica!!! Pasmen, mas o escritor Marcelo Benvenutti me ajudou a entender esse mecanismo!!! Já disse pro Toni que prometo tentar ter mais paciência nesses momentos!!!

Compartilho o texto com vocês, porque além de rir, de me encontrar no texto, gostei bastante também!

A Caça e o Caçador
 
Nós, homens, somos surdos. Entendo as mulheres quando reclamam que não as escutamos. Quer dizer, quando eu escuto a reclamação. Muitas vezes não escuto.

O homem, entretido pela partida de futebol na televisão, pela leitura do jornal, pelo computador ou por uma conversa paralela, fixa o olhar no horizonte e não escuta.

Dizem que vem desde a pré-história. A sociedade era matriarcal, dizem. Dizem muita coisa, mas o certo era que o homem, naturalmente mais musculoso, era quem saía para caçar. As mulheres cuidavam da aldeia.

A caça é uma atividade que pode parecer ativa, rápida e veloz. Mas é um jogo estratégico. O homem atrás de arbustos, muitos homens, esperando o momento exato para atacar a presa, um búfalo, seja lá que bicho fosse.

O homem tinha que manter silêncio, o olhar fixo no animal. Falava de lado.

Os homens falam de lado. Prestem atenção, mulheres. Então a mulher, indignada, vendo que seu olhar de caçador está fixo em uma presa qualquer, a bola do jogo, as frases soltas no jornal, aquela morena que passou ali do outro lado da rua, a mulher grita: “Olha pra mim quando eu falo!”

E os homens olham, depois de um tempo, mas olham. Perguntam o que elas querem. Elas se irritam ainda mais e não repetem. Não se irritem. Não é por mal. É instinto.

Mas, e pior que é assim mesmo, quando um homem se esforça e deixa a natureza de lado e presta atenção no que a mulher fala no exato instante em que ela fala, ela repete e insiste: “Entendeu?”

Então o homem, caçador, ou se dá conta de que ele é a presa ou será abatido. A mulher não vai se contentar só em falar. Ela vai exigir, e cobrar, mesmo que décadas depois, aquilo que falou ou pediu.

Cada vez mais os homens se tornam presas ao se desprenderem de seus instintos.

Homens: deixem o instinto de caçador ligado. Não se iludam. Ouvindo ou não, a culpa é sempre nossa. Melhor continuar sendo surdo.

Marcelo Benvenutti, escritor

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