Texto envolvente...
"Nem sei o nome dele. Na caminhada que faço, diariamente, troquei algumas palavras com aquele senhor que se mudou para uma antiga casa da minha rua. Ele mexia na terra, começando a ajardinar a frente da residência. Ali, antes, havia nada mais que um gramado malcuidado.
Estava começando a limpar a grama e fazer pequenos canteiros. Cumprimentei-o e lhe perguntei se era vizinho novo.
“Vim mês passado para cá” – disse-me, acrescentando que vivia numa cidade do oeste catarinense.
Tinha decidido vir para a cidade grande por insistência do filho, que mora aqui. Assim, estaria também perto dos netos.
O sotaque italianado denunciava sua origem rural. O empenho em deixar bonita aquela tirinha de terreno confirmava o gosto pelo trato da terra.
Fazia aquilo com carinho, como a matar a saudade do tempo e do lugar que ficaram para trás.
Passo diariamente por ali e acompanho a incrível transformação daqueles quadrados. Cada dia, uma novidade. Correntes decorativas demarcando os canteiros, pedras e pequenos troncos de árvore dando um ar agreste ao jardim e, de repente, rosas, muitas rosas, de diferentes cores, espalhando um leve perfume que alcança o passeio.
Minha rua ficou mais linda desde que esse senhor veio nela morar. Não sei se é por causa da primavera que com ele chegou, ou se foi ele que trouxe a primavera à minha rua para a aqui ficar o ano todo.
Mas a mensagem que meu novo vizinho me transmite é clara: qualquer tempo é tempo para mudar, e a primavera não é uma estação que vem e passa. Ela é eterna na alma de algumas pessoas."
Milton Medran Moreira, diretor do Centro Cultural Espírita de Porto Alegre
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